Oh, a saudade inexplicável dos ciganos
e saltimbancos das histórias que eu li!
- com a alma cheia de música,
a boca cheia de vinho,
aos trancos e barrancos,
de país em país, de caminho em caminho,
- caminhos que em vão desejo nunca percorri...
E a alegria das casas que rodavam
pelas estradas sem alicerces, boêmias,
abrindo suas janelas aos sóis e aos luares,
dos dias de verão, das noites consteladas
de todos os lugares...
A alegria perene dos nômades e aventureiros
em dança pelos caminhos,
esquecidos de angústias e lamentos...
- como as nuvens no céu, como as aves nos ninhos,
como as folhas no chão levadas pelos ventos!
Oh, a alegria incomparável da liberdade
e a inexplicável saudade dessa impossível saudade!
(Poema de J. G. de Araujo Jorge
extraído do livro Cânticos - 1941)